Doação de coração vira encontro de almas após homem se apaixonar por viúva de doador em MS
Em 2025, casal comemora 22 anos juntos. Doação de órgãos foi a responsável pela doação de Celeidino e Leila. Doação de coração vira encontro de alma...

Em 2025, casal comemora 22 anos juntos. Doação de órgãos foi a responsável pela doação de Celeidino e Leila. Doação de coração vira encontro de almas após homem se apaixonar por viúva de doador Seis meses. Foi o tempo de vida que os médicos deram para que Celeidino Vieira Fernandes caso ele não encontrasse um coração compatível para doação. A busca durou cerca de um ano e meio, até que a morte do marido de Leila de Oliveira Mendes e a decisão da família pela doação mudaram a trajetória de ambos. Veja o vídeo acima. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp O transplante devolveu a saúde a Celeidino — e também o apresentou a Leila. Sem jamais terem se encontrado antes, os dois se conheceram um ano após a doação e estão juntos desde então e moram em Jardim (MS). Comemorando 26 anos desde o transplante, o casal conversou com o g1 para relembrar a história e destacar como a doação de órgãos pode transformar a vida de quem espera por uma nova chance. "Eu morava em Campo Grande e eu fiquei viúva [...] Pela falta de informação, na época, eu me posicionei contra a doação de órgãos. Eu sabia que o desejo do meu finado esposo, ele queria ser doador [...] Aí eu me posicionei contra na época. Só que o médico, a equipe de acolhimento no hospital, acabou me convencendo. Na verdade, eles disseram uma única frase que me convenceu. Falaram que eu podia manter ele vivo ainda, dentro de outra pessoa, mas que ali já estava tudo acabado", contou Leila. O artigo 52 do Decreto nº 9.175/2017, que regulamenta a Lei de Transplantes no Brasil, estabelece que, em casos de doação de órgãos após a morte, deve ser preservada a identidade tanto dos doadores em relação aos receptores quanto dos receptores em relação às famílias dos doadores. Porém, as manifestações dos familiares dos doadores são respeitadas conforme os direitos individuais. Transplante mudou vida e uniu casal Em 1998, à época com 24 anos e dois filhos pequenos, Leila optou pela doação. O gesto atendeu ao desejo do marido e ajudou cinco pacientes. Entre os beneficiados estava Celeidino. Celeidino aguardava ansiosamente pelo transplante que poderia lhe dar mais do que seis meses de vida. Após receber o órgão, o aposentado iniciou a busca pela família do doador. "Quando ele se apresentou, falando que era o receptor do coração do meu finado marido, um ano após, eu levei um susto bem grande. Mas o Celeidino, sempre foi muito tranquilo, muito comunicativo. Aí me puxou, me abraçou, falou, escuta aqui o coração do teu marido", recordou Leila. Segundo Leila, eles nunca haviam se encontrado antes da doação. “Passado um ano, deu certo o transplante dele. Ele procurou a minha família e acabou me achando”, disse. Amizade que virou romance Os dois se conheceram em 1999, quando Celeidino buscou a família do doador do coração. Após o primeiro encontro, a amizade floresceu entre o casal. A oficialização do romance ocorreu em 2003, quando se mudaram para Jardim. Mesmo com a história de amor, Leila admite que a adaptação foi difícil. Afinal, o coração de Celeidino pertencia ao seu marido falecido. "É difícil explicar essas coisas assim. Sei que aí a gente acabou arrumando amizade [...] Mas eu sou grato por tudo. Por tudo que aconteceu, porque ela é a minha vida", afirma Celeidino. Vida longa Celeidino não teve rejeição no órgão. Após o transplante, viveu normalmente por dez anos, porém enfrentou problemas renais e precisou de outro transplante em 2019, desta vez de rim. "Eu fiquei muito feliz. Acho que não deu tempo de levar um susto" brincou. "Do transplante do rim, eu já fiquei mais nervoso. Mas o do coração, nem deu tempo de pensar. Só que eu sou um cara muito entusiasmado, eu sempre acredito que vai dar certo, vai dar certo. E aí, sempre dá certo", afirma. Celeidino acredita ser prova viva de que o transplante funciona. Junto com Leila, defende que histórias como a deles ajudam a conscientizar sobre a importância da doação. "Eu acho que a após a morte, geralmente, as famílias não querem, tem umas que têm problema de religião e tal, mas o que eu digo é o seguinte: você sempre vai estar salvando alguém. Então, eu digo que vale a pena pensar no assunto. E saber que você pode sempre salvar alguém. A mensagem que eu deixo é que vale a pena ser doador de órgãos. Porque tem muita gente sofrendo", finaliza Celeidino. Atualmente, Leila vê a doação de forma diferente. Para ela, além da história de amor, é essencial falar sobre o tema e incentivar a doação. "Hoje eu penso diferente sobre a questão da doação. Não só porque a gente construiu uma história bonita em cima disso, que tivemos essa chance, mas é importante, sabe? Tem muitas pessoas realmente precisando na fila do transplante, tem muita gente precisando de órgão. Então é necessário o incentivo e, principalmente, destacar a ação das equipes de acolhimento dos hospitais, que fazem muita diferença", finalizou Leila. Celeidino Vieira Fernandes, com 65 anos, e Leila de Oliveira Mendes, de 51 anos. Arquivo pessoal Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: